Com mais de 20 anos de experiência na melhor escola de futebol do mundo (Europa), 16 anos no Sporting Clube de Portugal, passagem pela Seleção Portuguesa como assistente técnico de 2010 a 2014 e ter revelado jogadores importante como Cristiano Ronaldo (CR7); o professor Leonel Pontes pode ser o próximo treinador português a desembarcar no Brasil.

Leonel Pontes da Encarnação nasceu no dia 9 de julho de 1972, em Funchal – Madeira, Portugal. Estreou como treinador no Sporting Clube Portugal, em 2009, na partida contra o Rio Ave Futebol Clube, pela 10ª rodada da Primeira Liga do Campeonato Português de Futebol.

Entre 1995 e 2004, trabalhou em todos os escalões da base do Sporting, desde o Sub-12 até a equipe B, onde acompanhou, desenvolveu e lançou jogadores como Cristiano Ronaldo, Quaresma, Nani, Miguel Veloso, João Moutinho, Rui Patricio, Beto, e muitos outros que vieram a desenvolver grande carreira. Durante esse período, foram vários títulos conquistados com jovens talento do futebol e que se tornaram profissionais de referência no esporte.

Em 2004/2005, chegou à equipe principal do Sporting como assistente do treinador Paulo Bento e lá permaneceu durante 4 anos. Pontes conquistou 4 títulos nacionais, sendo 2 taças de Portugal e 2 supertaças (Supertaça Cândido de Oliveira), nos anos de 2007 e 2008. Durante 4 anos, focou seu trabalho em busca do título de campeão da Liga dos Campeões, onde realizou 22 jogos, chegando num dos anos às oitavas de final.

Ele também foi assistente principal da seleção portuguesa de Futebol entre 2010 e 2014, participando do campeonato da Europa PolôniaUcrania-2012, onde a seleção chegou nas semifinais, sendo eliminada nos pênaltis pela Espanha, e da Copa do mundo no Brasil em 2014, ocasião em que enfrentou as equipes da Alemanha, Estados Unidos e Gana.

Já como treinador principal, estreou no Club Sport Marítimo (2014-2015), equipe da 1ª Liga Portuguesa, onde potencializou jogadores que continuam nas suas carreiras no mais alto nível como, por exemplo, Danilo (PSG), Jose Sá (Wolverhpaton), Fransergio (Bordéus), Raul (Estoril), Dyego Sousa (Almeria), sendo os 3 últimos de nacionalidade brasileira.

Internacionalmente, o treinador português tem no currículo passagens pela 1ª Liga do futebol grego, no Panetolikos (2015); 1ª Liga do futebol egípcio, no Al Ittihad (2015-2016); 1ª Liga do futebol húngaro, no Deberecene VSC (2016-2017); e na 2ª Liga espanhola, no Jumilla CF (2018-2019).

Em junho de 2019, Pontes voltou a comandar o Sub-23 do Sporting Clube de Portugal, onde ajudou a revelar jogadores que são destaques no panorama internacional como Nuno Mendes (PSG), Mateus Nunes (Wolverphaton), Gonçalo Inácio (Sporting CP), Tiago Tomás, (Estugarda), Eduardo Quaresma (Hoffeneim), Pedro Mendes (Ascoli), Nuno Moreira e Tomás Costa (Vizela) como os mais significativos. Após 10 vitórias seguidas no campeonato do Sub-23 e tendo o melhor ataque e a melhor defesa do torneio, Pontes foi convidado para o time principal de Sporting (2019-2020), onde esteve de forma interina.

Nos anos de 20212022, na metade do calendário da 2ª Liga, assumiu o Sporting Clube da Covilhã com o objetivo de manter a equipe fora da zona de rebaixamento. Superando as expectativas da conjuntura do time à época, ele conseguiu atingir o objetivo. Recentemente, ele iniciou conversas com diretores de um clube do Brasil para desembarcar por aqui como treinador, ainda no 1º semestre de 2023.

O portal PE News conseguiu entrevistar o professor Leonel Pontes, que falou sobre a evolução do futebol no Brasil nos últimos anos, as características peculiares dos jogadores brasileiros que fazem carreira na Europa, a importância da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) para a profissionalização e qualidade das estruturas dos clubes, suas amizades com os técnicos Abel Ferreira (Palmeiras/SP), Luís Castro (técnico do Botafogo/RJ), Ivo Vieira (Cuiabá/MT) e Pedro Caixinha (Red Bull Bragantino/SP), além do sonho de treinar um clube no Brasil. “Se entenderem que eu tenho o perfil certo para esse clube, eu estarei disponível”, comentou o treinador português durante a entrevista. Confira abaixo!

Professor, quais seus laços com o Brasil atualmente?
Sou profissional de futebol faz mais de 20 anos e tenho uma história no futebol português e com experiências internacionais. Tenho amigos treinadores no Brasil, como por exemplo, o Abel Ferreira, técnico atual do Palmeiras. Trabalhamos juntos 4 anos no Sporting, eu como treinador e ele como jogador. Na época (2014-2015), ele acompanhou o meu trabalho em Portugal, no CS Marítimo, equipe da 1ª Liga Portuguesa. Tenho relação próxima com o Luís Castro (treinador do Botafogo) e conheço pessoalmente o Pedro Caixinha do Red Bull Bragantino. O Ivo Vieira, do Cuiabá, foi meu assistente no CS Marítimo. Tenho também laços familiares no Brasil, minha namorada é brasileira.

Qual clube do Brasil o procurou e como estão as negociações?
Alguns agentes brasileiros e portugueses, que me conhecem, têm tentado levar-me para o Brasil. Eu próprio tenho esse sonho, mas ainda não surgiu uma oportunidade concreta, mas já tive reuniões com um clube brasileiro, no mês de novembro passado [2022]. Acho que ainda não é o momento para falar do clube, porque o assunto não foi divulgado na comunicação social e por não ter sido falado também prefiro não divulgar. Voltamos a falar no corrente mês [abril 2023], mas o clube ainda tem o seu treinador, mas há uma porta aberta. Entretanto, tem aparecido outras abordagens de outros agentes e, naturalmente, estou disponível para poder ouvir o que eles pretendem, o que os clubes eventualmente pretendem e se entenderem que eu tenho o perfil certo para esse clube, eu estarei disponível.

O senhor já desenvolveu algum trabalho de futebol no Brasil?
Estive na Copa do Mundo no Brasil, em 2014, era o assistente principal do selecionador [técnico] Paulo Bento, na seleção nacional [Seleção de Portugal]. Foi o único momento profissional que eu estive no Brasil. No entanto, já trabalhei com muitos jogadores brasileiros, Liedson, Anderson Polga, Derlei, Alecsandro, Pedro Silva, Rodrigo Tiuí, Fábio Rocemback, Pepe, que agora tem também a nacionalidade Portuguesa, e muitos outros, portanto, conheço as características do jogador brasileiro, embora ainda não tenha tido a oportunidade de trabalhar no futebol brasileiro. No entanto, já tinha estado no Uruguai, em 2005, no Torneio Punta Del Leste sub-20, onde participaram o Alexandre Pato, o Cavani e o Luis Soares. Eu fui acompanhar o torneio durante 15 dias como observador do Sporting. Nessa altura tinha 31 anos.

Professor, como o jogador brasileiro é visto pelos olhos de um treinador europeu?
Do que eu conheço dos jogadores brasileiros que vêm para Europa e daqueles com quem trabalhei, são jogadores altamente focados […] são bons profissionais e têm algo diferente, têm uma relação com a bola muito apurada, tecnicamente são muito envolvidos. E isso revela-se também naquilo que é o futebol do Brasileirão [Série A] e da Série B. São jogadores tecnicamente envolvidos, muito fortes fisicamente. As equipes resolvem os jogos principalmente no ultimo terço do campo pela elevada qualidade individual. E isso tem a ver com o talento. Entretanto, muitas vezes, quando há muito talento há mais desordem, porque os jogadores, com a sua qualidade técnica, tentam resolver as coisas mais pela forma individual. Mas, o futebol brasileiro, dentro do ponto de vista tático e da intensidade do jogo, tem vindo a crescer. Os jogadores estão cada vez melhor preparados fisicamente, e mentalmente, para jogar ao mais alto nível. Os que vem para a Europa estão mais aptos para se adaptar ao futebol daqui, que é mais intenso, é mais apertado em termos de espaço. As equipes aqui jogam mais fechadas com bons sistemas defensivos, com trabalho defensivo muito apurado, e eu acho que essa evolução tem vindo a acontecer nos últimos anos no futebol brasileiro, que na minha observação está cada vez melhor, tendo uma vantagem em relação ao europeu [ao jogador europeu], a maior parte dos jogadores [do Brasil] são muito talentosos do ponto de vista técnico.

O clube que o procurou já aderiu à SAF aqui no Brasil e como o senhor entende o sistema de SAF no futebol?
O clube que eu estive em contato ainda não tem esse contexto. Não sei se virá a ter. Na verdade as SAFs bem administradas terão uma coisa fundamental que é o suporte financeiro e uma exigência profissional mais elevada, o que significa que o clube que tem investidores precisa naturalmente ter um nível de profissionalismo elevado, criando as melhores condições estruturais, mas também dando melhores condições de trabalho aos jogadores para desenvolverem a sua atividade. Quanto melhores os clubes estiverem preparados, mais possibilidade tem de potenciar jogadores e criar negócio, de criar boas equipes e de estarem com o nível competitivo elevado. Isso fará delas as melhores equipes. Portanto, as SAFs podem ter essas vantagens bem administradas, porque haverá maior investimento sobre esses clubes.

Com quais jogadores brasileiros o senhor já trabalhou
No Egito, tive com o jogador Paulo César. Um jogador mediano para a realidade da Primeira Liga. Na Espanha, não tive. No CS Maritimo, trabalhei com o Dyego Sousa, atualmente no Almeria; Fransérgio, que está no Bordéus; tive o Raul, que esteve no Braga e que atualmente joga no Estoril de Portugal, tive também o Bruno Galo. Foram vários jogadores que fizeram parte da equipe do CS Maritimo, em 2014 e 2015. O Brasil é um país de futebol, de jovens talentos, e uma das coisas que orgulhosamente tenho feito na vida é ajudar muitos jovens jogadores a serem profissionais do futebol, a chegarem no alto nível; dar-lhes uma perspectiva de carreira profissional.

No Brasil, que profissionais irão compor seu staff?
A minha comissão técnica é constituída por 1 adjunto, 1 preparador físico, 1 analista e um treinador de guarda redes [goleiro]. Não é um staff fechado porque há muitos clubes que já possuem alguns profissionais e podemos sempre nos adaptarmos a realidade do Clube. Curiosamente tenho um analista que é brasileiro, do Rio de Janeiro, que trabalhou comigo no ano passado [2022] e que foi uma excelente surpresa. Poderá fazer parte da minha equipe de trabalho [caso se concretize a minha vinda para ser técnico no Brasil].

Jefferson R. Silva

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